Este é um convite para PENSANTES que transformam o o estudo, a pesquisa, o dialogo e a reflexão, individual e coletiva, sobre as mais diversas questões relacionadas a natureza, ao meio ambiente, a vida em sociedade e a ação (des) humana no planeta Terra em interessantes momentos de aprendizagem e de construção de uma sociedade mais ética e justa "para todos", pois como dizia o grande mestre Paulo Freire, "Se a Educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela, tampouco, a sociedade muda."

sexta-feira

UBERABA - MG UM POUCO DE HISTÓRIA

A povoação foi fundada, em 1809, pelo sargento-mor comandante da Companhia de Ordenanças do Distrito do Julgado do Desemboque da Capitania de Goiás, Antônio Eustáquio da Silva e Oliveira. O Julgado do Desemboque correspondia ao atual Triângulo Mineiro menos a região de Araxá que foi elevada a julgado, em 1811, desmembrada do Julgado do Desemboque.
A primeira casa de Uberaba, contruída pelo Sargento-Mór Antônio Eustáquio se localizava na atual esquina da Praça Rui Barbosa com a Rua Artur Machado, do lado esquerdo de quem desce a rua Artur Machado.
O Sargento-mor Antônio Eustáquio era oriundo do Distrito de Glaura, pertencente à antiga Vila Rica, atual Ouro Preto, onde seu pai, João da Silva de Oliveira, fora vereador por três mandatos na época da Inconfidência Mineira e capitão comandante de Glaura.
O Sargento-Mor Antônio Eustáquio, buscando desbravar novas terras na região, realizou duas entradas pelo Sertão da Farinha Podre e foi também fundador, entre os anos de 1810 e 1813, do arraial denominado Nossa Senhora do Carmo dos Morrinhos, atual município de Prata.
Da família fundadora do Uberaba, Sargento-mor Antônio Eustáquio, seus irmãos e primos, o descendente mais ilustre é o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, tetraneto do Capitão-General José Manuel da Silva e Oliveira.
Uberaba surgiu pela migração de geralistas, como eram chamados os habitantes das Minas Gerais na época do Brasil Colônia, os quais deixaram as já esgotadas regiões produtoras de ouro, porém fracas para agricultura, da Capitania de Minas e de Goiás (Desemboque), em busca de terras férteis para se estabelecerem como agricultores e pecuaristas.
Entre estes pioneiros, além dos Silva e Oliveira, estavam, entre outros, os Rodrigues da Cunha originários da Vila de Queluz, atual Conselheiro Lafaiete[5], e os Bernardes da Silveira, Rodrigues Gondim e Alves Gondim vindos de Formiga (Minas Gerais).
O local onde se instalou o Arraial de Uberaba, inicialmente denominado sertão da Farinha Podre, às margens do Córrego das Lages, foi escolhido por existirem, naquela área, formadas por seis colinas (Boa Vista, Estados Unidos, da Matriz, Cuiabá, Barro Preto e a colina da Misericórdia), grande quantidade de nascentes de córregos no alto destas colinas. Sendo que as primeiras "moradas de casas", como se dizia na época, foram construídas próximas às nascentes destes córregos.
As terras do novo arraial pertenciam à Fazenda das Toldas, ainda existente, e foram doadas, em 1812, por seu proprietário Tristão de Castro Guimarães.
O "Arraial" de Uberaba, na época pertencente ao Julgado do Desemboque, Capitania de Goiás, foi elevado à condição de "Distrito de Índios" em 13 de fevereiro de 1811.
Em 1816, a região do Triângulo Mineiro, que na época compreendia o "Julgado do Desemboque" (onde Uberaba se encontra) e o "Julgado do Araxá", deixou de pertencer à Capitania de Goiás e foi anexada à Capitania de Minas Gerais.
Estes dois julgados (Desemboque e Araxá) ficaram pertencendo à Vila e comarca de Paracatu do Príncipe. A comarca de Paracatu foi criada em 1815.
O Sargento-Mor Eustáquio pediu e conseguiu de D. João VI a elevação de Uberaba à categoria de freguesia em 2 de março de 1820 com o nome de Freguesia de Santo Antônio e São Sebastião do Uberaba, desmembrada da Freguesia do Desemboque.
Em 1831 é criada a Vila de Araxá, a qual Uberaba fez parte até sua emancipação política em 1836.
O sargento-mor Antônio Eustáquio foi o líder político de Uberaba até sua morte em 1832, quando assumiu o seu lugar, seu irmão Capitão Domingos da Silva e Oliveira que foi o líder político de Uberaba até sua morte em 1852, e, que conseguiu, em 1836, a emancipação política de Uberaba, então pertencente à Vila de Araxá. O Capitão Domingos havia trabalhado, também, em 1831, para a elevação de Araxá à categoria de vila.
Em 22 de fevereiro de 1836, pela lei mineira número 28, Uberaba foi elevada à categoria de município, a Vila de Uberaba, desmembrando-se de Araxá. Em 7 de janeiro de 1837, é instalada a Câmara Municipal, tomando posse os primeiros vereadores, tendo o Capitão Domingos como seu primeiro presidente. Esta lei número 28 também extinguiu o julgado do Desemboque e o anexou ao município de Araxá.
Em 1840, Uberaba é elevada à categoria de comarca, a Comarca do Paraná, desmembrada da comarca de Paracatu.
Uberaba é elevada da categoria de vila à categoria de cidade em 2 de maio de 1856.
Uberaba, na Guerra do Paraguai, foi passagem das tropas federais, e recebeu o Visconde de Taunay, que assim descreveu a paisagem ao redor de Uberaba:
“-Inúmeros regatos, córregos, ribeirões e possantes rios, semeado de flores, com um sem número de pássaros, aves e animais, todos esquivos e que mal se enxergam escondidos nas matas e capões, inçados de cobras de veneno virulentíssomo, cascavéis, jararacusssus, urutus, todas ariscas, fugitivas, e que só causam dano quando se tem a infelicidade de pisá-las e magoá-las.”
Na década de 1870, criadores de Uberaba introduzem o gado zebu no Brasil.
A sessão da Câmara Geral, atual Câmara dos Deputados, na cidade do Rio de Janeiro, do dia 10 de maio de 1886, foi quase toda dedicada às tumultuadas eleições para deputado, ocorridas em Uberaba, em 15 de janeiro de 1886. Depois de muito debate, a Câmara Geral deliberou por anular as eleições de Uberaba.[6]
Em 1889, chega a Uberaba, os trilhos da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro. A autorização para prolongar a Mogiana até Uberaba foi dada pelo decreto imperial nº 8.888 de 17 de fevereiro de 1883.
Em 1899 é criado o "Clube Lavoura e Comércio" com o objetivo de defender a lavoura e a pecuária, combatendo os altos impostos e as interferências do novo governo republicano na atividade rural. É lançado o jornal "Lavoura e Comércio" que, em seu primeiro número, ocupando toda sua primeira página, expõe os ideais dos ruralistas.
Em 1905 é inaugurada a energia elétrica na cidade.
Em 1906 tem início as exposições de gado bovino. Exposições que foram muito prestigiadas pelo Dr. Getúlio Vargas, nas décadas de 1930 a 1950.
Em 29 de setembro de 1907 é criada a Diocese de Uberaba, elevada à categoria de arquidiocese e sede metropolitana em 14 de abril de 1962.
Durante a Revolução de 1924, uma comissão de líderes políticos uberabenses encontra, em Mogi Mirim, o líder tenentista João Cabanas e lhe oferece dinheiro, armas e tropas para que ele e a sua coluna, chamada Coluna da Morte, rumarem para o Uberaba, onde Cabanas proclamaria a criação do "Estado do Triângulo", antiga reivindicação da região, e partirem, em seguida, para Belo Horizonte, para depor o governo mineiro. O tenente João Cabanas conta em seu livro "A Coluna da Morte" que aceitou a proposta, mas, enquanto fazia os preparativos para a partida para Uberaba, pela Companhia Mogiana de Estradas de Ferro, chegaram ordens do comando revolucionário para a Coluna da Morte partir em retirada para o atual Mato Grosso do Sul.
Durante a Revolução de 1932 foram travados combates entre mineiros e paulistas na fronteira com o estado São Paulo, na "Ponte do Delta", que ligava Uberaba ao estado de São Paulo. Uberabenses, liderados por Roberto de Genari, constroem um carro blindado para enfrentar os paulistas na "Ponte do Delta".
Na década de 1940, começam a serem encontrados fósseis de animais pré-históricos na região da antiga Estação de Trem de Peirópolis.
Em 1946, o escritor Monteiro Lobato passou por Uberaba e fez um discurso da Campanha O Petróleo é Nosso.
Durante a elaboração da Constituição de 1946, nos debates da Assembleia Nacional Constituinte, o deputado federal mineiro Juscelino Kubitschek propõe a construção da nova capital do Brasil no Triângulo Mineiro.
Em 10 de setembro de 1950, o dr. Getúlio Vargas, na sua campanha para presidente da república, faz um discurso em Uberaba em defesa da pecuária. Lembrando sua condição de pecuarista, Getúlio diz:
Quero que saibam que lhes vou dizer as coisas na linguagem simples de companheiro! Nossa conversa será no jeito e estilo daqueles que os fazendeiros costumam fazer de pé, junto á porteira do curral. Lutando contra opiniões que combatiam a introdução do gado zebu no Brasil, os fazendeiros do Triângulo Mineiro apoiados exclusivamente no seu próprio trabalho e nos seus próprios recursos arrostaram todos os percalços da tremenda luta que se feriu, e que, afinal, lhes conferiu incontestada vitória. De então para cá, o Brasil Central passou a ter expressão econômica, transformando-o de uma vasta solidão inaproveitada, que era então, no grande reduto econômico e francamente ativo da atualidade.
— Getúlio Vargas
Em 24 de abril de 1952, ocorre uma revolta em Uberaba contra os altos impostos cobrados pelo governo estadual chefiado por Juscelino Kubitschek. O edifício da Coletoria Estadual é destruído, assim como os postos de cobrança de impostos nas entradas da cidade. A revolta só terminou com a chegada de tropas do 4º Batalhão de Caçadores, vindas de Belo Horizonte, de avião, e que ocuparam as ruas do centro de Uberaba portando metralhadoras. A revolta foi notícia no New York Times.[7]
Logo em seguida, procurando se reconciliar com os uberabenses, o governador Juscelino cria a Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro e a instala no edifício onde funcionava a Cadeia de Uberaba.
Em 1956, em Uberaba, acontecem grandes comemorações em homenagem ao seu primeiro centenário de elevação à categoria de cidade.
Em 1957, a senhora Aparecida Conceição Ferreira, a "Dona Cida", funda o "Hospital do Fogo Selvagem", referência nacional no tratamento do pênfigo foliáceo.
Em 1959, fixa residência em Uberaba, o médium Chico Xavier que se tornaria o mais conhecido dos médiuns brasileiros.
A construção de Brasília deu um impulso ao desenvolvimento de Uberaba. Assim, em 1959, a lei federal nº 3.613, de 12 de agosto, assinada pelo presidente Juscelino, ordena que seja implantada e pavimentada, uma rodovia ligando Limeira a Brasília, passando por Uberaba (de São Paulo a Limeira já existia uma rodovia asfaltada). Em junho de 1961, o asfalto chega à divisa São Paulo-Minas Gerais, em Igarapava, e, em 1965, a pavimentação asfáltica da BR-050, entre Uberaba e Uberlândia, é inaugurada pelo presidente da república Humberto de Alencar Castelo Branco.
Transferência do Triângulo Mineiro à Capitania de Minas Gerais
Alvará de 4 de abril de 1816:
"Eu, El Rei, faço saber aos que este meu alvará virem, que tendo creado a nova Comarca de Paracatú, assignando-lhe os limites, que me parecem proprios, na fórma do Alvará de 17 de maio do anno passado de 1815, e representando-me os povos da Campanha do Araxá, que comprehende os dous Julgados e Freguezias de S. Domingos e Desemboque, os grandes incommodos que supportam em viverem sujeitos à Capitania e Comarca de Goyaz, cuja Capital lhes fica em distancia de mais de 150 leguas, sendo lhes penosos os recursos, de que frequentemente necessitam; ao mesmo passo que estando elles sujeitos á Capitania de Minas Geraes e á Ouvidoria de Paracatú que lhes fica próxima, podem ser mais facilmente ouvidos e soccorridos nas suas dependencias, sem serem obrigados a desamparar as suas casas e culturas de suas terras, ficando também mais desembaraçados e promptos para se empregarem no meu real serviço: e querendo eu evitar-lhes tão penosos inconvenientes, e promover as comodidades daquelles povos, que, pela sua industria e digna aplicação á lavoura, se fazem dignos da minha real comtemplação;........Hei por bem separar e desannexar da Capitania e Comarca de Goyaz os ditos dous Julgados e Freguezias de S. Domingos do Araxá e Desemboque, com todo o territorio que lhes pertence; em mando que deste alvará em diante fiquem pertencendo á Capitania de Minas Geraes e á Comarca de Paracatú, fazendo parte dos limites desta....Dado no Rio de Janeiro a 4 de abril de 1816".
Criação da Freguesia de Uberaba
Decreto de 2 de março de 1820:
Cria uma freguesia no distrito de Uberaba (do tupi "água cristalina"), em Minas Gerais, com a invocação de Santo Antônio e São Sebastião de Uberaba, e manda fundar uma capela curada na mesma Freguesia.
"…Sendo-Me presente o grande desgosto que sofrem os colonos estabelecidos no Sertão da Farinha Podre, por se verem privados de socorro e pasto espiritual, sem que o possa obter com facilidade da Freguesia do Julgado do Desemboque, que dali dista mais de 60 léguas: Hei por bem que se estabeleça uma freguesia no distrito de Uberaba até a confluência do rio Paranaíba e rio Pardo, com a invocação de Santo Antônio e São Sebastião de Uberaba, dividindo-se com a Capela de N. S. do Monte do Carmo, e com a Freguesia do Desemboque, por onde mais conveniente for. E Sou outrossim servido, que nesta nova Freguesia haja também uma capela curada, no lugar que mais convier, para comodidade dos habitantes que novamente se acham por ali estabelecidos. A Mesa da Consciência e Ordens o tenha assim entendido, e faça executar com os despachos necessários. Palácio do Rio de Janeiro em 2 de março de 1820.
Com a rubrica de Sua Majestade"
Nota 1: A dita "confluência do rio Paranaíba e rio Pardo", se refere à antiga divisa entre a Capitania de Goiás com a Capitania do Mato Grosso. Nota 2: a Capela de N. S. do Monte do Carmo é a atual Prata (Minas Gerais).
Criação da Vila de Uberaba
"Manuel Dias de Toledo, Presidente da Província de Minas Gerais: Faz saber a todos os seus habitantes que a Assembléia Legislativa Provincial decretou e eu sancionei a Lei seguinte:
Artigo 1- Fica elevado à Vila o arraial de Santo Antônio e São Sebastião de Uberaba, compreendendo no seu município a freguesia do mesmo nome e o distrito de Sacramento (Minas Gerais) da Freguesia do Desemboque, servindo de divisa pelo lado desta povoação a Lagoa dos Esteios e a linha do prolongamento da mesma lagoa até o Rio das Velhas ao Rio Grande.
Artigo 2- É suprimido o julgado do Desemboque, e a parte dele não compreendida no Município de Uberaba é incorporada ao de São Domingos do Araxá.
Artigo 3- Os habitantes do novo município são obrigados a construir à sua custa Casa para sessões da Câmara Municipal, Júri, uma cadeia segura conforme o plano que for determinado pelo governo; antes de verificar-se condição não terá lugar a execução desta lei".
Dada no Palácio do Governo,na Imperial cidade de Ouro Preto, aos vinte e dois de fevereiro 1836.
Ata da instalação do Município de Uberaba
"Ano do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil oitocentos e trinta e sete, décimo sexto da Independência e do Império, aos sete dias do mês de janeiro do dito ano, neste Arraial de Santo Antônio e São Sebastião do Uberaba, Comarca do Rio Paracatu do Príncipe, Província de Minas Gerais, em nova Casa, construída pelos Cidadãos do novo Termo, para servir de Paço da Câmara, que vai se instalar, perante os novos vereadores, que hão de formar, eleitos na forma da Lei. E, em presença dos cidadãos que concorreram a este Ato, leu, o Capitão Domingos da Silva e Oliveira, o Ofício da Câmara Municipal da Vila do Araxá, pelo qual o convidava, como cidadão mais votado, a prestar juramento para Presidente da nova Câmara; E declarando que o tinha feito, leu a Certidão do mesmo juramento prestado a 20 de dezembro de mil oitocentos e trinta e seis. Leu a Portaria da Presidência da Província de Minas Gerais, de vinte de julho do dito ano, que ordena a execução da Lei Mineira número 28, que elevou este Arraial à Vila e que lhe marcou seus limites".
Nota: Esta citada casa, construída pelo Capitão Domingos da Silva e Oliveira, para servir de Casa de Câmara e Cadeia de Uberaba, ainda hoje, serve como Gabinete do Prefeito e de Câmara Municipal de Uberaba.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Uberaba#Geografia